Parabéns para a SAE - 85 Anos de História!

Parabéns para a SAE – 85 Anos de História!

Hoje a Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional – SAE/MN completa 85 anos de existência. Criada em 15 de outubro de 1927 pelo então Diretor do Museu Nacional, Edgar Roquette Pinto, a SAE tornava-se o primeiro setor educativo de um museu brasileiro e, com sua trajetória ininterrupta, é hoje também o mais duradouro deles.

Entendemos que se trata de uma data para se comemorar,  fazer memória juntos. Para tanto, o corpo de educadores do setor educativo do MN convidou pesquisadores cujos estudos vêm contribuindo para a melhor compreensão da história e da relevância da SAE e do Museu Nacional para a área da educação em museus no Brasil, a compartilhar conosco um pouco mais dessa história nesta postagem especial dos 85 anos da SAE.

Esses textos apontam para o pioneirismo do Museu Nacional e para a importância da sua Seção de Assistência ao Ensino para o processo de institucionalização da educação em museus no Brasil.

Nesta oportunidade, os educadores da SAE e a própria instituição aproveitam para reforçar o seu compromisso com a área da educação em museus, bem como com a bela trajetória da Seção criada por Roquette Pinto, também o primeiro a chefiar a SAE, há 85 anos.

85 ANOS DA TRAJETÓRIA DA 5ª SEÇÃO DE ASSISTÊNCIA AO ENSINO DE HISTÓRIA NATURAL DO MUSEU NACIONAL

MS. Marcelle Pereira

Coordenadora de Museologia Social e Educação – Departamento de Processos Museais/Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM e autora da Dissertação de Mestrado “EDUCAÇÃO MUSEAL: Entre dimensões e funções educativas: a trajetória da 5ª Seção de Assistência ao Ensino de História Natural do Museu Nacional” (UNIRIO/MAST, Programa de Pós-graduação em Museologia e Patrimônio, 2010) 

O Museu Nacional tem muito a comemorar com os 85 anos de sua SAE. Esta Seção possui uma trajetória rica de realizações e possui papel de destaque e de pioneirismo no que se refere à atuação da educação em espaços museais. Criada por Roquette Pinto, para concentrar as demandas por apoio educacional provenientes das escolas e grupos, desenvolveu estratégias de ação que garantiram por anos o acesso dos professores aos materiais e acervos do Museu Nacional. Com o intuito de contribuir com a educação do país preserva até hoje o espírito inovador que conduziu a sua criação. Atua pautada no objetivo de tornar público e acessível o conhecimento científico produzido pelo Museu Nacional a partir de práticas dinâmicas e criativas propostas por seus educadores.

A SAE pode ser considerada o primeiro setor educativo de museu criado no Brasil e não obstante, também é considerada um grande exemplo de como se deu o processo de institucionalização das práticas educacionais em museus no país. A dimensão educacional presente no Museu Nacional desde sua criação passa a ser compreendida como uma função necessária em sua estrutura. Esta passagem fica mais clara quando observamos a organização da prática educacional do Museu com a criação da Seção de Assistência ao Ensino. Talvez sem a intenção de ser pioneiro, seu criador, estabelece um novo patamar para a educação no Museu Nacional e sem dúvida para as práticas educacionais dos museus brasileiros.

Desejo que esta senhora de 85 anos, dona de uma atuação invejável, siga nos brindando com a superação de seus desafios na certeza de que sua atuação contribui e fortalece a educação museal em nosso país. Vida longa a SAE, parabéns aos seus educadores que garantem o desafio diário de exercitar a educação como prática de transformação social.

A FUNÇÃO EDUCATIVA DO MUSEU NACIONAL/UFRJ NAS AÇÕES DA SAE

Dr. Paulo Rogério Silly

Prof de História do Colégio Pedro II, Coordenador Geral do Programa de Iniciação Científica Júnior – Colégio Pedro II/Museu Nacional – UFRJ e autor da Tese de Doutorado “Casa de ciência, casa de educação: Ações educativas do Museu Nacional (1818-1935) – Faculdade de Educação, UERJ, 2012

O Museu Nacional tem exercido importante função educativa na sociedade brasileira através de diversas políticas de divulgação do conhecimento produzido no campo das ciências naturais e humanas. Em quase dois séculos de existência foram promovidas ações dirigidas para a instrução/educação com a oferta de cursos e palestras; publicação de revistas de caráter científico; participação em eventos nacionais e internacionais; produção de material didático para sua utilização em estabelecimentos de ensino no país; além da abertura de suas portas ao público interessado em conhecer as coleções que compõem suas exposições. 

Partícipe deste conjunto, a Seção de Assistência ao Ensino (SAE) desde sua criação em 1927 pelo diretor Roquette Pinto é responsável pela função educativa do Museu Nacional junto ao público, especialmente o escolar. Pioneira no Brasil, tem sido referência em pesquisas e debates relativos à educação em museus. Para citar algumas de suas práticas, há 85 anos atua na permanente produção, distribuição e/ou empréstimo de material científico às escolas; desde 1999, forma monitores do Museu Nacional, alunos de Ensino Médio integrantes do Programa de Iniciação Científica Júnior, desenvolvido em parceria com o Colégio Pedro II. Atualmente, tem como projeto futuro criar um espaço de ciência acessível para cidadãos com necessidades especiais dentro do Museu Nacional; reestruturar, modernizar e ampliar o acesso das coleções didático/científicas de empréstimo, bem como produzir material didático em formato multimídia.

MUSEU, EDUCAÇÃO, INCLUSÃO: A SUPER (NECESSÁRIA) TRÍADE

Dra. Mônica Pereira dos Santos

Fundadora e Coordenadora do LaPEADE (https://www.lapeadeufrj.rio.br);  Profa. Adjunta da Graduação e Pós-graduação em Educação – Faculdade de Educação/UFRJ e Coordenadora do Curso de Atualização em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva/UfrjUFRJ

O Museu Nacional, por meio de sua SAE, muito tem a celebrar e festejar, para além dos 85 anos de criação da referida Seção. É que, em tempos em que a inclusão se faz cada vez mais premente, haja vista a infinidade de mecanismos excludentes em nossos cotidianos, a SAE constitui-se, ela mesma, em um movimento vanguardista, e porque não dizer, visionário, dentro do próprio Museu. Isto porque em 1927, quando da criação da SAE, pensar um Museu que fosse acessível às massas, dialógico e, em certa medida, desmitificador dos saberes científicos como algo supremo e inacessível era algo para lá de revolucionário, justamente porque tal concepção de ciência ia contra aquilo mesmo que a sustentava no imaginário social e no senso comum: uma percepção de ciência como algo intangível, acessível tão somente aos cérebros dos grandes gênios. E no entanto, foi o que o Museu fez ao criar sua SAE: desmitificou esta ideia, sem fazer perder-se o respeito pela ciência em si (ou melhor dizendo: pelas ciências!).

Ao inserir em seu cotidiano a possibilidade de se oferecer vivências e experiências científicas ao alcance de todo e qualquer cidadão, assim democratizando e inovando seus serviços por meio de seus criativos projetos e programas; a SAE/Museu Nacional promovem, indubitavelmente, a inclusão, por promoverem o repensar e por popularizarem umas das facetas mais sutis da exclusão: a da exclusão cultural. Além disso, ao permitir a circulação simultânea (e dialógica) de percepções diversificadas sobre a produção de conhecimentos científicos (um efeito quase que automático oriundo da própria criação de uma Seção que tem por objetivo “elaborar e implementar projetos educativos e culturais voltados para o público escolar (…) e para o público geral; agendar visitas escolares, formar mediadores para atuar nas ações educativas do Museu e emprestar material didático.”), o Museu, de fato, tem muito o que comemorar: é instituição que promove iniciativa pioneira, democrática, inclusiva, emancipadora e, certamente, educativa, no mais profundo sentido da expressão. Salve o Museu Nacional, salve a SAE!