RECORTES DO PASSADO – AS MUDANÇAS NO JARDIM IMPERIAL #7
A Quinta da Boa Vista, é um dos parques mais importante do Rio de Janeiro e a grande maioria dos cariocas já o visitou, ao menos uma vez. Os jardins da Quinta são muito utilizados como local para atividades físicas como caminhada e corrida, os turistas adoram fazer piqueniques e é um local excelente para fazer um lanchinho observando a natureza, relaxar, respirando ar puro e, claro, admirar a beleza do parque e apreciar suas árvores.
Mas você sabia que o parque da Quinta da Boa Vista nem sempre foi como é hoje em dia? Os jesuítas estiveram no local durante o período de 1567 a 1749. Mas naquela época, a região era muito diferente era formada por lagoas, manguezais e o terreno era muito mais acidentado e com elevações. Após a saída dos jesuítas, as terras passaram por diversos proprietários até 1803, quando foram adquiridas pelo comerciante português Elias Antônio Lopes, que ali construiu sua casa de campo, ficando conhecida como “Quinta do Elias”.
Em 1808, este proprietário doou a Quinta ao Príncipe Regente D. João VI, como um presente de boas-vindas à Corte recém-chegada de Lisboa, desde então o local passou a ser chamado Quinta da Boa Vista.
Pouco a pouco, a propriedade foi sendo modificada, adaptada e ampliada, a sede e os jardins passaram por muitas reformas para se adequarem às novas funções e refletir um ar de nobreza. Em 1816, as obras foram concluídas e a Família Real mudou-se do Paço da Praça XV, no centro da cidade, para o Paço de São Cristóvão, na Quinta, transformado em residência oficial da Corte (Imagem 1).
As melhorias na Quinta continuaram com D. Pedro I, que custeou a criação de córregos e lagos e a plantação de centenas de árvores. O monarca também criou um pomar, introduzindo mudas de espécies frutíferas como a mangueira, e iniciou a implantação do Horto Botânico.
Mesmo após a declaração de independência, em 1822, a Quinta permaneceu a residência oficial do Império (Imagem 2).
Em 1860, D. Pedro II delegou ao paisagista francês Auguste François Marie Glaziou a tarefa de realizar a grande reforma dos jardins, a obra que teve início em 1872 e foi concluída em 1876 moldou as características paisagísticas da Quinta (Imagem 3).
Glaziou abriu a Alameda das Sapucaias, ligando diretamente o portão de acesso ao palácio, criou jardins por caminhos sinuosos, construiu os lagos, com suas grutas e cascatas artificiais, pontes e elevações, utilizando técnicas e desenhos típicos da escola inglesa da época (Imagem 4). Além disso, em 1861, Dom Pedro II, declarou a Floresta da Tijuca e teve início, então, o reflorestamento da área, junto com a desapropriação de chácaras e fazendas. Foram plantadas mais de 100.000 árvores nativas em 13 anos, resultando em 1550 espécies vegetais, contribuindo para a mudança da paisagem do Rio de Janeiro no século XIX. As consequências desse projeto são vistas até hoje, e a floresta da Tijuca ainda é considerada a maior floresta urbana do mundo.
Com a queda da monarquia, o Parque da Quinta da Boa Vista foi incorporado ao patrimônio da União e em 1892, o Museu Nacional criado em 1818, foi transferido para o palácio, o que permitiu que o prédio recebesse melhor conservação (Imagem 5). Dentro do parque existe também o Horto Botânico do Museu Nacional. Seu terreno foi anexado ao Museu Nacional em 30 de setembro de 1896, sendo este uma área destinada ao cultivo de plantas e a experiências biológicas para fins de estudos, pesquisas e demonstrações práticas.
Na Quinta da Boa Vista são encontradas espécies botânicas exóticas, como a figueira africana, a tamarineira, o jameloeiro e o flamboyant, além de uma enorme variedade de árvores da Mata Atlântica, com grande destaque para as sapucaias que ladeiam a alameda de acesso ao Museu Nacional e segundo historiadores algumas podem ter sido plantadas pelo próprio imperador.
Autores: Igor Rodrigues¹, Alexia Chaves & Elisabete Helena²
¹Auxiliar em Administração, Seção de Assistência ao Ensino – SAE, Museu Nacional
² Bolsistas FAPERJ – SAE, Museu Nacional
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Referência bibliográfica:
J. C. FERREIRA & A. M. M. MARTINS; Quinta da Boa Vista: De Espaço de Elite a Espaço Público. São Paulo n. 13 p. 125 145 dez. 2000
Prefeitura do Rio de Janeiro. http://www.rio.rj.gov.br/web
J. A. DA TRINDADE; Os jardins de Glaziou para a Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro / RJ. Revista Espaço Acadêmico, nº156 Maio/2014
Jornal O Globo https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/nos-jardins-do-rio-influencia-francesa-pode-ser-vista-da-praca-paris-quinta-12545957
Horto Botânico Museu Nacional. http://museunacional.ufrj.br/hortobotanico/arvoresearbustos/ficusenormis.html
P. F.de Menezes Filho; A Quinta de Glaziou. A Aula-passeio como divulgação científica. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIVULGAÇÃO DA CIÊNCIA, DA TECNOLOGIA E DA SAÚDE Fiocruz, 2010
Cláudio Motta; Lições do reflorestamento histórico ordenado por Dom Pedro II, Jornal O Globo 08/12/2011.