Museu de Curiosidades #6 – Amuletos Fálicos
Você já viu um amuleto fálico? Sabe o que são e o que significam? Aqui no Museu Nacional temos uma coleção dessas peças, que costumam despertar muita curiosidade em nossos visitantes. Vamos entender um pouco mais sobre estes artefatos? Os amuletos fálicos são uma representação do órgão genital masculino como símbolo da fertilidade. A origem do falo não está necessariamente ligada a sexualidade e ao prazer carnal, essas são concepções recentes.
O fenômeno do culto fálico se espalhou por todo o mundo antigo e é representado em vários monumentos em diferentes lugares. Entre os gregos, os cultos fálicos estavam ligados predominantemente ao deus Dionísio e, entre os romanos, ao deus Baco. Descobertas arqueológicas, realizadas no centro e sul da Europa, evidenciam que os cultos fálicos eram celebrados em diversas civilizações antigas. O falicismo também era cultuado em regiões como na Capadócia, em Antioquia, no Chipre. Sua representação na África se dava no Egito, onde eram comuns procissões em louvor ao falo de Osíris, e também pelo oriente na Índia e no Japão com o xintoísmo. No Museu Nacional os amuletos fálicos são originários de regiões mediterrâneas, e estão situados na exposição sobre as cidades antigas de Pompéia e Herculano. Há ainda estudos que apontam a existência de uma ideia inspiradora de vida para o homem pompeano, dando um novo caráter para além do religioso ao amuleto fálico, expresso no pensamento: “Comamos, bebamos, gozemos: depois da morte não há prazer algum.”. Este caráter exprime bem o estilo de vida do homem romano onde o prazer absoluto era um objetivo a ser alcançado.
A história das religiões está repleta de símbolos e amuletos fálicos. Os cultos fálicos revelam também que sexo e religião sempre estiveram ligados. A grande fascinação pela origem da vida nessas culturas propiciou o aparecimento de narrativas sobre deuses concebidos na forma de um grande falo, doador da vida, da fertilidade e prosperidade. Entre os romanos, o falo era reverenciado na forma do Deus Príapo – filho do Deus Dionísio (Deus do vinho e da insânia) e da Deusa Afrodite (Deusa do amor, da beleza e da sexualidade) -. O hábito de trazer figuras priápitas como amuleto contra o mau olhado e o azar – que inclui a perda da energia sexual – se tornou comum e era usado até por mulheres e crianças. Eles tinham a fama de possuir poderes mágicos, e por isso eram usados como amuleto no pescoço ou em braceletes. Em latim, esses adornos eram conhecidos como fascinun, origem da palavra fascínio.
Você acha que o falicismo ficou no passado? Não ficou, nos festejos de São Gonçalo do Amarante, doces fálicos (os chamados quilhõezinhos de São Gonçalo) são consumidos durante os festejos em honra ao santo “casamenteiro das velhas”. Pesquisadores do folclore luso-brasileiro, inclusive, interpretam os ritos de levantamento de mastros em honra dos santos católicos como reminiscência de antigos cultos fálicos pagãos.
Escrito por:
Jade de Almeida Moreira (Graduanda em Ciências Sociais UFRJ e Bolsista PIBEX/MN)
Principais referências:
http://stripdancing.es/blog/pompeya-ars-amatoria-al-pie-del-vesubio/
http://faloplastia.org/Noticias.aspx?id=425¬icias=P%25C3%25AAnis%2520e%2520Religiosidade
Achei muito interessante essa postagem, nao fazia ideia da origem destes símbolos e muito menos que ainda existe a adoração dos mesmos.Parabens tambem pra quem redigiu, de forma coerente e sucinta, a referida materia.
Muito interessante mesmo. Inclusive, O filme The Wicker Man (1973) também mostra essa questão do símbolo fálico em crenças pagãs. Além disso, mostra questões de conflitos religiosos. Para quem se interessar, o filme é facilmente achado pela internet.
Tive a oportunidade de ser guiado no museu, e achei muito interessante. a visão passa a ser outra. Com a valiosa riqueza de informações prestadas pelo guia temos uma outra ótica da historia da humanidade.