Museu de Curiosidades #1 - Bendegó

Museu de Curiosidades #1 – Bendegó

O blog da SAE lança hoje uma novidade: o Museu de Curiosidades. Nessa coluna, a Seção de Assistência ao Ensino pretende disponibilizar informações acerca de alguns itens que compõe o acervo do Museu Nacional.

Por ser um dos itens que chama mais chama a atenção dos visitantes e pela grande comoção gerada pela recente queda de um meteorito de grandes proporções na Rússia, selecionamos para a estreia do Museu de Curiosidades, o Meteorito de Bendegó.

Meteorito de Bendegó

Logo no hall de entrada do Museu encontramos o Meteorito de Bendegó. É difícil não notar um enorme objeto colocado sobre um pedestal. Seu tamanho é, de fato, impressionante, pois trata-se do maior exemplar da coleção brasileira e ocupa a 16ª posição entre as maiores massas de ferro-níquel de origem espacial catalogadas em todo mundo. Mas esse meteorito não se destaca apenas por seu tamanho (2,15×1,5×0,65 m) e seu peso (5,36t), sua descoberta foi um fato marcante para a história da meteorítica.

Meteorito de Bendegó

Meteorito de Bendegó

O Meteorito de Bendegó foi encontrado pelo menino, Domingos da Motta Botelho, em 1784, enquanto pastoreava o gado próximo à cidade de Monte Santo, no sertão da Bahia. A primeira tentativa de transportá-lo fracassou quando a carreta levada por 12 juntas de boi desgovernou-se e caiu no riacho Bendegó. Após 103 anos no leito do riacho, no ano de 1887, o Imperador D. Pedro II providencia sua remoção para o Rio de Janeiro o que acabou se tornando uma verdadeira epopéia liderada por José Carlos de Carvalho. Foi construída uma carreta puxada por juntas de boi que engenhosamente poderia andar sobre trilhos e sobre rodas dependendo das condições encontradas no trajeto. Levaram 126 dias para a expedição comandada por Carvalho percorrer 113km até a Estação de Ferro Jacuricy, de lá o meteorito seguiu de trem para Salvador onde ficou em exposição durante 5 dias e no dia 1° de junho embarcou no vapor “Arlindo” seguindo para Recife e posteriormente para o Rio de Janeiro onde foi recebido pela Princesa Isabel.

Mais curiosidades: Quem não gostou da remoção do meteorito foi o povo da região. Alguns anos após sua retirada do riacho uma grande seca sobreveio naquela área e o povo entendeu que era um castigo dos céus por terem permitido sua retirada. O seu ressentimento pode ser lido no cordel “A Saga da Pedra do Bendegó”.

Saga da Pedra do Bendegó

E não pára por aí. O Meteorito de Bendegó tem ainda mais importância. Esses fragmentos de asteróides, planetas e até de cometas são aquilo que de mais antigo pode ser encontrado em nosso planeta. Análises revelaram que alguns possuem cerca de 4,6 bilhões de anos, idade superior a tudo que se poderia encontrar inalterado na Terra. São estudos de meteoritos como o Bendegó que nos conta um pouco da história do universo, ajudando a desvendar os segredos da formação do Sistema Solar.

Algumas figuras importantes da história registraram seu contato com o Meteorito de Bendegó, entre eles Albert Einstein e o próprio José Carlos de Carvalho, líder da expedição que trouxe o meteorito ao Rio de Janeiro. O meteorito encontra-se em exposição no Museu Nacional, faça como Einstein e José Carlos de Carvalho e visite essa ilustre peça do acervo do museu. Provavelmente será a foto com o objeto mais antigo que você conhece.

Visita de Einstein ao Museu Nacional em 1925

Visita de Einstein ao Museu Nacional em 1925


Almirante José Carlos de Carvalho e Roquette-Pinto junto ao Meteorito de Bendegó

Almirante José Carlos de Carvalho e Roquette-Pinto junto ao Meteorito de Bendegó


Composição do Meteorito de Bendegó:
Fe: 92,5%; Ni: 6,52%; Co: 0,46%; P: 0,22%; C: 0,1%; Ga: 52 ppm; Ge: 233 ppm; Ir: 0,02 ppm
Yan Gomes Silveira – Graduando em Filosofia (UFRJ), Bolsista PIBEX – Museu Nacional (UFRJ)
Fontes:
http://wikimapia.org/7508060/pt/Lugar-da-Queda-do-Meteorito-de-Bendengo
http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/Geologia/geo_expo/Meteoritos/Bendego.htm
http://www.portaldocordel.com.br/
http://www.bendego.com.br/