Museus e seus Setores Educativos: lugares da educação museal
Mesa-redonda reuniu representantes do Museu Nacional, Fundação Casa de Rui Barbosa, Museu da Vida e Museu de Astronomia e Ciências Afins para apresentarem seus programas educativos
Os 90 anos da Seção de Assistência ao Ensino, o mais antigo setor educativo de um museu no Brasil, é sem dúvidas um evento histórico. Para comemorar a data, a SAE realizou, no dia 16 de Outubro, o evento “90 anos da SAE: Setores educativos e Educação Museal no Brasil”. A programação foi intensa e emocionante, com mesas-redondas, lançamento de livros e homenagens à grandes figuras do campo.
A segunda mesa-redonda intitulada “Museus e seus Setores Educativos: lugares da educação museal” foi mediada por Kátia Frecheiras (Museu da República – IBRAM) e composta por Aline Miranda (SAE-Museu Nacional/UFRJ), Hilda Gomes (Museu da Vida – FIOCRUZ), Jurema Seckler (Museu Casa de Rui Barbosa – FCRB) e Douglas Falcão (Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST).

Da esquerda para a direita, os componentes da mesa Aline Miranda (SAE-Museu Nacional/UFRJ), Hilda Gomes (Museu da Vida – FIOCRUZ), Jurema Seckler (Museu Casa de Rui Barbosa – FCRB) e Douglas Falcão (Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST) e a mediadora Kátia Frecheiras (Museu da República/IBRAM)
A anfitriã Aline Miranda foi a primeira a falar, apresentando os projetos da SAE. A equipe multidisciplinar teve destaque, mas ela não deixou de mencionar as dificuldades enfrentadas com os cortes de bolsas. Sem perder o fôlego, enumerou uma grande quantidade de ações educativas voltadas para audiência programada, espontânea e estimulada, além de cursos. Alguns destes projetos foram realizados em parceria com departamentos do Museu Nacional ou com outras instituições. Convidou todos a visitarem o “Espaço Ciência Acessível”, concebido pelo setor, segundo os princípios de acessibilidade e inclusão. A SAE também apareceu nas redes com seu blog, facebook e instagram, demonstrando o potencial da comunicação virtual com o público.
A representante do Museu da Vida, Hilda Gomes, iniciou sua apresentação com uma imagem que retrata o deslumbramento de uma jovem em uma das atividades do museu, propondo a reflexão sobre a afetividade envolvida na construção de uma educação emancipatória, citando o patrono da educação Paulo Freire. A partir de uma linha do tempo, discorreu sobre a trajetória do programa educativo, desde antes da inauguração do Museu da Vida até os dias atuais. Ainda hoje a proposta pedagógica possui caráter construtivista, transdisciplinar, interativa e com enfoque histórico. Chamou a atenção para o importante processo que o Museu da Vida passa hoje: A elaboração do plano museológico, que tem envolvido toda a instituição. Seguiu comentando alguns projetos do Serviço de Educação do Museu da Vida, vários deles ligados à formação de educadores.
Em seguida Jurema Seckler, assumiu a palavra. Apresentou um histórico das atividades educativas da Fundação Casa de Rui Barbosa, desde 1930, quando o objetivo era cultuar a memória do ex-residente no local. A partir dos anos 1970 se torna mais forte a preocupação com as ações educativas, com a contratação de educadores, criação de atividades e reflexões sobre acessibilidade. Afirmou que, apesar dos momentos difíceis, “nunca deixaram a peteca cair” e arrematou valorizando a experiência da SAE/Museu Nacional, tão presente na memória afetiva do público: “São 90 anos de resistência”, falou.
Douglas Falcão apresentou o MAST como um museu, mas também como uma instituição de pesquisa do MCTIC, o que tem impacto direto em sua organização institucional. Concentrou sua apresentação nos projetos da Coordenação de Educação, cujos bolsistas foram descritos como “a alma e o corpo” do setor. Foram apresentados os projetos de pesquisa, uma grande diversidade de atividades de popularização da ciência dentro e fora do MAST, além de eventos. Uma preocupação apontada foi com a redução da equipe, devido a aposentadoria de alguns pesquisadores.
A medidora Kátia Frecheiras encerrou as falas com emoção. Destacou a afetividade presente em todas as falas e reforçou a resistência da educação museal expressa nos 90 anos de trajetória da SAE.