Tem Criança no Museu! Arqueologia
O tão aguardado momento de explorar a caverna chegou! Desde o primeiro dia da semana a grande estrutura marrom, de chão irregular e plantas ao redor chamava a atenção das crianças que a todo o momento perguntavam “Tia, quando vamos brincar ali?”. O quarto tema – Arqueologia – da atividade Tem Criança no Museu acabou com o suspense e trouxe a partir de uma grande viagem um pouco sobre as pesquisas arqueológicas e sua importância para a construção da história da humanidade. Durante esse passeio, os pequeninos foram convidados a visitar nossos primeiríssimos ancestrais, os moradores das cavernas, até chegar ao famoso Egito Antigo de múmias, esquifes e faraós.
Enquanto chegavam aos poucos no auditório, as crianças eram recepcionadas com um mini cinema, que exibia desenhos e filmes buscando dialogar com o tema do dia. Assim, durante esse primeiro momento, eles puderam assistir cenas do filmes Croods, algumas partes do desenho Chaves no Egito Antigo, entre outros. Logo após o fim no credenciamento e acolhida, os mediadores responsáveis pelo tema começaram uma conversa com intuito de provocá-los a respeito do assunto. Foi perguntado o que eles entendiam por arqueologia e o que eles achavam que iriam aprender durante à tarde. Para nossa alegria surgiram as mais incríveis e completas respostas sobre a temática apresentada e ainda pudemos perceber a animação que havia entre eles. Ainda nessa conversa foi introduzido como a representação do cotidiano e do próprio indivíduo havia contribuído para o acúmulo e disseminação de conhecimento ainda na época dos nossos primeiros ancestrais de homo sapiens modernos e que até hoje, após tantos anos, nós continuamos valorando o registro de nossos hábitos e experiências. Então, como forma de apresentação, foi pedido que as crianças desenhassem a si mesmas em uma folha de papel branco.
Logo em seguida foi explicado que os homens pré-históricos também se auto-representavam por meio das pinturas rupestres, no entanto esse processo era feito com materiais diferentes dos que são usados atualmente. Não era utilizado giz de cera e lápis coloridos como eles haviam usado na brincadeira anterior. Para exemplificar melhor, as crianças foram dirigidas para as algumas mesas que continham copos com pequenas porções de café em pó, urucum em pó – ou colorau, açafrão e outros utensílios que seriam necessários para a fabricação das tintas, como cola branca, água e pincéis. Também havia sobre as mesas os grãos e sementes inteiras dos pós selecionados a fim de mostrar que assim como no período dos homens das cavernas, os materiais para pintura eram retirados da própria natureza.
Então, seguindo o modelo das fotos de algumas pinturas rupestres, as crianças começaram bem animadas a produzir suas tintas. A cada tentativa acertada era perceptível a alegria de ver um simples pó de café gerar desenhos tão incríveis, cheios de texturas, relevo e até mesmo aromas. Com as tintas devidamente feitas e testadas, os pequeninos foram convidados a entrar na famosa caverna e ali dentro, reproduzir nas paredes suas próprias “pinturas rupestres”. Foi uma festa total. As crianças não só pintaram, como brincaram, sentaram em volta da fogueira, sujaram suas mãos de carvão e experimentaram pelo menos um pouquinho como era ser um homem pré-histórico.
Depois dessa atividade que envolveu bastante agitação e também certa quantidade de sujeira, as crianças foram conduzidas ao banheiro para que pudessem limpar suas mãos e braços e assim estarem prontas para as demais brincadeiras. Nesse segundo momento da programação a abordagem estava direcionada ao Egito Antigo. Logo que o tempo destinado à limpeza acabou, foram distribuídas luvas e lupas para as crianças, que com posse dos instrumentos de um verdadeiro cientista poderiam analisar alguns objetos da coleção acessível da Seção de Assistência ao Ensino (SAE) relacionado ao acervo de Egito Antigo; havia réplicas dos vasos canopos, esquifes e peças do figurino. Essa observação mais detalhada dos materiais serviu de ponte para o que eles iriam conhecer adiante, que era a exposição egípcia do Museu Nacional, a maior de toda América Latina e, possivelmente, a mais antiga também. O acervo que os pequeninos tiveram a oportunidade conhecer conta com aproximadamente 700 objetos, sendo alguns adquiridos ainda na época do Império como a múmia Sha Amum Em Su, que foi o sucesso entre a criançada. Durante o passeio pela a exposição as crianças, sentadas em roda, ouviram uma breve mediação sobre algumas peças ali expostas e ainda puderam tirar dúvidas e trocar suas curiosidades.
Às 15h horas, as crianças foram dirigidas de volta ao auditório para que o lanche fosse distribuído. Todas sentaram com seus amiguinhos para comer, descansar e assistir a segunda rodada de filmes\desenho do dia. Mas as atividades não haviam parado por aí, depois do lanche elas foram novamente divididas em algumas mesas, porém dessa vez a tarefa era colorir e enfeitar as máscaras com o rosto de alguns deuses do Egito para a encenação do Mito de Osíris – a primeira múmia. Vale ressaltar que enquanto as crianças pintavam, os mediadores responsáveis por cada grupinho explicavam o significado das cores egípcias como, por exemplo, o preto que poderia está associado à noite e à morte, mas também representava as terras produtivas do Rio Nilo; ou a cor vermelha, que tanto podia representar energia e vitória, como podia significar algo sinistro, como, por exemplo, os olhos e os cabelos do deus Seth – representação da violência e traição.
Depois de muito pintar, colar penas, brilhos e paetês, as máscaras ficaram prontas e a encenação começou. Um pouco antes disso o mediador Renato havia separado as crianças de acordo com o personagem que elas escolheram interpretar. Esse momento foi muito divertido porque os meninos e meninas não só ouviram a história, como também puderam contribuir para que ela acontecesse. Em determinado momento da narrativa, assim como Ísis, eles tiveram de juntar todas as partes de Osíris, que ali estava sendo representadas pelas partes desmontadas de algumas bonecas. Depois de recolher cada pedacinho, elas brincaram de executar cada etapa do processo da mumificação e finalmente, enfaixaram suas próprias múmias.
E assim, cheio de sorrisos e animação, mais um dia da atividade chegou ao fim. Ao passo que a semana corre nós percebemos que amizade entre eles só cresce e o carinho pelo museu e, principalmente, pela ciência também.