
Que Bicho Que Deu!? #3 – Lagosta
Lagostas, ouvi dizer que são imortais!
Ouvi dizer que as lagostas são imortais… Qual a longevidade da lagosta? Quais os seus principais sintomas de envelhecimento?
Primeiramente, vamos definir o que é o animal que conhecemos como lagosta. Lagostas são crustáceos. Dentre as mais de 38.000 espécies conhecidas de crustáceos, estão alguns animais que nos são bastante familiares, tais como caranguejos, camarões, pitús, lagostas e lagostins. A maioria dos crustáceos é marinha, mas tamém existem muitas espécies de água doce.
O plano corporal dos crustáceos possui vários apêndices na cabeça, no tórax e no abdômen. Mas qual seria a importância deles? Só no tórax, três dos oitos apêndices são especializados em manipular o alimento para a nutrição destes seres e outros cinco adaptados para caminhar no fundo do mar, pois são animais bentônicos – isso quer dizer que vivem associados ao sedimento encontrado no fundo marinho.
Não se sabe exatamente quantos anos podem viver as lagostas, pois não existem indicadores seguros da sua idade. Como não possuem esqueleto interno e mudam regularmente seu exoesqueleto, mais conhecido como carapaça, não têm nenhuma estrutura onde possa ficar registrada sua idade, ao contrário do que acontece nos ossos dos peixes. Mas sabemos que podem viver dezenas de anos e há indicações de que podem ultrapassar os 100 anos. As lagostas que vivem mais tempo são as de águas mais frias. Atualmente há uma carência de lagostas grandes e idosas, devido à intensa exploração a que estão sujeitas. À medida que vão envelhecendo, as lagostas levam cada vez mais tempo para mudar de carapaça. Assim, o melhor indicador de idade avançada é seu tamanho. Também é bom lembrar que grande parte dos seres vivos, à medida que envelhecem, cresce cada vez mais devagar. Por isso, para uma grande lagosta crescer um centímetro leva muito mais tempo do que aquele necessário para uma pequena e jovem lagosta aumentar o mesmo centímetro.
Segundo o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis), as lagostas têm grande importância para o equilíbrio da vida no mar. Contudo, estas, por possuírem elevado valor comercial, vem sofrendo intensa pressão pelo alto consumo e a alta procura pela indústria alimentícia. A pesca indiscriminada no litoral dos estados do Espírito Santo ao Amapá vem ocasionando uma diminuição gradativa nos estoques naturais de lagostas, acarretando a cada ano o agravamento da situação.
Tendo em vista a pesca predatória de lagostas jovens e fêmeas ovadas, bem como o fato de que os recursos pesqueiros explorados estão além do que a natureza consegue suportar, vários cientistas passaram a se preocupar com a preservação desse crustáceo. Para reverter a situação, vem sendo tomadas medidas chamadas de ordenamento pesqueiro, ou seja, ações que garantem que a pesca seja sustentável, tais como o estabelecimento de épocas de defeso e do tamanho mínimo para captura de espécies. O defeso da lagosta é um período estabelecido por ato normativo do IBAMA de parada da pesca da lagosta no período de sua reprodução. O período de defeso vai de dezembro a maio em todo o litoral Brasileiro. Portanto, nesse período a pesca de lagostas é proibida. O ato é fundamental para garantir a proteção e sobrevivência da espécie.
Kleber Villaça Pedroso (Aluno de Licenciatura em Ciências Biológicas UFRJ e Bolsista PIBIAC)
Rafael Nascimento de Carvalho (Aluno de Licenciatura em Ciências Biológicas-UFRJ e Bolsista PIBEX)
Veja também:
- Conheça a lagosta-boxeadora, o crustáceo com os olhos mais incríveis e o golpe mais espetacular do oceano.
Disponível em: http://www.megacurioso.com.br/animais-sinistros/36141-mantis-conheca-a-lagosta-boxeadora-o-bicho-mais-desgracado-dos-mares-.htm
Fontes:
http://ibama.gov.br/biodiversidade-aquatica/periodos-de-defeso
IGARASHI, Marco Antônio. Sinopse da situação atual, perspectivas e condições de cultivo para lagostas Palinuridae. Ciência animal Brasileira. v. 8, n. 2. HYPERLINK “http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/issue/view/201″OctHYPERLINK “http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/issue/view/201”./Dec.2007
RUPPERT, E. E.; BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 6 ed. São Paulo: Ed. Roca. 1996. 1028p.