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Foi apresentado nesta quarta-feira, dia 20/03, no Museu Nacional, o esqueleto do maior réptil voador já encontrado no Brasil. Trata-se do maior fóssil de pterossauro descoberto no hemisfério Sul e o terceiro no mundo que, quando vivo, tinha cerca de 8,5 metros de envergadura. A descoberta envolveu a UFRJ, a Universidade Regional do Cariri e Museu de Ciências da Terra do DNPM. Os brasileiros envolvidos são Alexander Kellner, Diogenes Campos, Juliana Sayão, Antônio Saraiva, Taissa Rodrigues e Gustavo Oliveira.
Os ossos foram encontrados na Chapada do Araripe, na divisa entre os estados de Ceará e de Pernambuco. “Este fóssil encontrado nas rochas da Chapada do Araripe, no Nordeste do Brasil, é o maior encontrado no Hemisfério Sul e é o terceiro no mundo”, explicou o paleontólogo Alexander Kellner, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ao apresentar a reconstrução do animal, feita em resina de poliéster.
As escavações, feitas pelas equipes do Museu Nacional, da Universidade do Cariri e do Departamento Nacional de Produção Mineral, indicam que pterossauros maiores habitaram a mesma região. Segundo os pesquisadores, a pesquisa é importante por mostrar que os pterossauros gigantes já existiam há cerca de 110 milhões de anos. “Até agora, só se conheciam evidências do final do Período Cretáceo, há cerca de 70 milhões de anos. Esse fóssil mostra que eles são muito mais antigos”, afirma o paleontólogo Alexander Kellner.
O especialista também apresentou uma reconstrução de como teria sido a cabeça desse animal. O estudo da estrutura óssea do réptil voador mostrou que se tratava de um adulto. A espécie pertence à família dos Anhangueridae, animais que se caracterizam por terem uma crista na parte anterior do crânio e a parte superior da mandíbula com uma dentição que mostra que eles se alimentavam de peixes.
Os vasos sanguíneos dessa crista serviam para regular a temperatura do corpo do animal, segundo Kellner.”Podemos provar que esses répteis gigantes voadores existiam no céu do Nordeste brasileiro muito antes do que pensávamos, porque os fósseis foram encontrados em formações rochosas de 110 milhões de anos”, comentou o paleontólogo. Antes se acreditava que eles viveram entre 65 milhões e 72 milhões de anos atrás. Outras espécies de Anhangueridae já foram achadas em diversas partes do mundo, como Marrocos Inglaterra, Mongólia, Estados Unidos e China.
A pesquisa teve apoio da FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro). Cientistas de universidades do Ceará e de Pernambuco também assinam o estudo. As peças ficam em exposição no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio, a partir de amanhã. O trabalho dos brasileiros foi publicado nesta semana pela Academia Brasileira de Ciências.
Henrique Dias Sobral Silva – Graduando em História (UFRJ), Bolsista PIBEX-Museu Nacional (UFRJ).
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