11, 12 e 13/11 | O VOO EM PAUTA
Há 110 anos Santos Dumont pilotava pela primeira vez o 14-Bis e, tal qual um pássaro ao sair do ninho da mãe, pôde se sentir um desbravador dos ares tendo de encarar os abismos sozinho, com seu próprio corpo à frente. No entanto, mais de um século se passou e grande parte do mundo ainda insiste em atribuir tal feito aos estadunidenses irmãos Wright. Em 12 de novembro de 1906, depois de outras treze tentativas e duras quedas, era Santos Dumont, aeronauta brasileiro, quem havia voado pela primeira vez e é com o intuito de relembrar a importância desse dia que a SAE realizou duas atividades: a palestra “O Nascimento do 14-Bis de Santos Dumont”, no última dia 11, e oficinas de aerogamis, nos dias 12 e 13.
Ministrada pelo físico e pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) Henrique Lins de Barros, a palestra abordou desde os detalhes mecânicos de cada tentativa de voo pré e pós-14-Bis, até curiosidades sobre a vida e a fama do pai da aviação. Durante as primeiras duas décadas do século XX, Dumont era pauta constante nos jornais devido aos inúmeros prêmios que recebia por suas invenções. Ao se tornar uma celebridade, centenas de mulheres começaram a afirmar que eram noivas do aeronauta. Até hoje, conta o professor Henrique Lins de Barros, não se sabe ao certo se alguma delas ao menos chegou a conhecê-lo, pois ele nunca negou nenhum desses boatos.
O professor comentou também a morte do aviador: “Morreu. Não se pode falar que se cometeu suicídio, pois heróis nacionais não podem cometer suicídio”. Henrique então observa o auditório e confessa: “mas é verdade, ele se suicidou”. Seu estilo bem humorado e atencioso de explicar fez com que a plateia, majoritariamente formada por pré-adolescentes, o enchesse de perguntas. Uma delas surgiu a partir da curiosidade de se entender o porquê de tantas lacunas não terem sido preenchidas nesse mais de um século de história. Ao responder o aluno, ele lamenta: “o Brasil infelizmente ainda não aprendeu a construir sua memória e um país sem memória não é um país, mas um protótipo de país”.
OFICINA DE AEROGAMIS
O educador do Museu da Vida e Espaço Ciência Viva, Paulo Colonese, junto a nossos mediadores, veio nos apresentar a história do voo na própria natureza e, a partir disso, nos ensinar a construir diferentes tipos de objetos voadores: desde réplicas de um tipo de semente voadora até diversos modelos de aerogamis. As oficinas aconteceram nos 12 e 13 de novembro e conseguimos trazer mais de 200 pessoas ao Auditório Roquette-Pinto do Museu Nacional.
MOSTRA SOBRE TRAJETÓRIA DE SANTOS-DUMONT
Ao entrar no auditório o visitante ainda poderia conferir uma mostra com objetos sobre a vida de Santos-Dumont emprestados pelo Museu Aeroespacial (MUSAL). Dentre as peças ali expostas, a réplica da residência do aviador em Petrópolis, conhecida como “A Encantada”, fez o maior sucesso entre os visitantes. Como ela estava localizada em um terreno íngreme e entendido, à época, como um local impróprio ou complicado para construção, Dumont a projetou de forma a otimizar o espaço disponível. Compacta e sem espaços desnecessários, ela é cheia de pequenas invenções. Um exemplo é a inusitada escada em formato de meia raquete que chamou atenção de nossos visitantes: como ela é muito inclinada, se o degrau fosse inteiro, haveria uma maior probabilidade de bater a canela no degrau de cima e o espaço para colocar os pés teria de ser muito pequeno. Além de otimizar o seu uso, o inventor usou quase metade da quantidade de material necessário para construir uma escada convencional.
Foi muito divertido ter vocês como companhia nessas descobertas sobre o voo. Agradecemos pela presença de todos e ficamos muito felizes em ver como conseguimos agradar crianças, adolescentes e adultos.
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